No último dia 16 de outubro, ocorreu a abertura
do I Seminário Regional de Comunicação Comunitária na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC Rio. Jornalistas, professores, alunos de comunicação e
comunicadores comunitários de toda a região Sudeste foram convidados para
participar do evento que aconteceu até o dia 19 e discutiu a situação dos atuais
meios de comunicação comunitária.
Alguns temas como o direito à comunicação; a
parcialidade dos meios da chamada "grande imprensa"; a comunicação como um
direito humano; o voluntariado; a sustentabilidade; a publicidade; a cidadania;
a cultura alternativa; dentre diversos outros assuntos foram debatidos durantes
os quatro dias.
O diferencial do seminário é que não apenas
os grandes pensadores da comunicação comunitária estiveram nas mesas contando
as suas experiências, mas também comunicadores que fazem este movimento
acontecer.
O Bairro Educador esteve prestigiando a abertura
do evento com as representações dos Gestores: Carmen Rosane Costa, de Realengo;
Sarah Cardoso, do Bispo; Marcelly Pereira, do Caju; Philippe Valentim,
do Santo Cristo/ Jacarezinho e Roberto Lobo da Grande Tijuca e Lins.
Houve ainda a presença da estudante Ashilley Alves, do 9º ano da Escola
Municipal Francisco Cabrita (BE Bispo) e integrante do Núcleo de Comunicação da
escola.
A
estudante entrevistou a professora Patrícia Saldanha (UFF), pedindo dicas para
melhorar a atuação na escola e no bairro:
Ashilley- Como você acha que as
ferramentas que utilizamos (jornal mural, blog, Facebook, etc.) podem facilitar
a aprendizagem dos alunos?
Patrícia- Se o
aluno aprender a técnica, pouca coisa, entretanto se a partir do aprendizado da
técnica ele começar a ver sentido no que ele faz e não só para ele, mas para o
entorno dele, isso pode melhorar em muita coisa.
Ashilley- Como
você avalia nossa experiência contribuindo para uma gestão escolar mais
democrática?
Patrícia- Não
conheço a experiência, apenas o que você está me contando, eu teria que ir lá
ver e dar o meu parecer, que será sempre muito aquém do que realmente é, pois
eu acredito que qualquer iniciativa de comunicação, aliás qualquer iniciativa
de vida, não deve parar no "ser", mas "no que pode vir a
ser". Então se, por exemplo, um grupo de alunos de uma determinada região
para de ir à escola e o jornal mural não noticia isso? Você não sabe se é
porque faltou ônibus, ou se aconteceu um acidente na estrada. Ou seja, qual é a
vinculação desses meios de comunicação com os alunos e com o entorno? Se o
jornal escreve sobre as causas que levaram os alunos a faltar as aulas posso
fazer uma avaliação positiva pelo que você está me contando, se isso não
acontece, para na técnica, para "naquilo que é" e não "naquilo
que pode vir a ser".
Ashilley- Você
acha que a comunicação comunitária não tem nenhuma relação com a
educomunicação? A comunicação da escola não pode ser entendida como da
comunidade?
Patrícia- Existe
um diálogo sim, o conceito de educomunicação nasce em torno dos anos 2000 com
Osmar Oliveira Soares, eu estava na sala começando minha vida acadêmica quando
ele sugeriu a junção da educação com a comunicação. Acredito que a comunicação
comunitária tem que ter um diálogo pontual. O Osmar fez um trabalho belíssimo
na periferia de São Paulo com mais de 400 escolas públicas, construindo
estações de rádio. Acho que a comunicação comunitária tem tudo a ver com a
educomunicação sim, isso é tão serio que até virou faculdade reconhecida pelo
MEC. Mas você só consegue ver a comunicação comunitária acontecendo se ela
estiver totalmente vinculada à questão da educação. A comunicação
comunitária não para só no âmbito escolar ou acadêmico ela também dialoga com
os movimentos sociais, essa é a grande pegada que diferencia a característica
de cada uma, e diálogo é fundamental e estruturante para as duas e alimenta uma
possibilidade de enriquecimento para as duas.
Por Roberto Lobo
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