A tragédia de Realengo ocorrida ontem nos deixou indignados e deixou toda a cidade em luto. É hora de transformarmos a tristeza em ação para construírmos coletivamente uma cultura de paz.
A tragédia de Realengo não pode ser apenas analisada sob a ótica de um caso, de forma isolada. Situações como essas são fruto de uma cultura de violência e de ódio que está instalada em nossa sociedade. E é isso que precisamos refletir.
Que cultura queremos? O que pensamos, o que fazemos, o que falamos?
O fato é que precisamos inscrever com urgência na ordem do dia uma reflexão acerca de uma cultura de paz. Somos todos vitimas e culpados pela situação em Realengo. O caso é uma ponta de um grande iceberg, é um eco da cultura de violência em que estamos inseridos. A discussão não pode ter como cerne qual tipo de patologia acometia aquele jovem.
A discussão é sobre o que estamos oferecendo as nossas crianças e jovens. Em que bases culturais estão alicerçadas nossas relações? Temos que refletir individualmente e coletivamente que posturas nossas cotidianas contribuem para estes fatos.
Há algumas semanas vimos uma enchurrada de indignação com as falas do Deputado Jair Bolsonaro, falas racistas e homofóbicas, impulsionadas por ódio e violência. É preciso também neste caso perceber que a fala apesar de ter sido dita pelo Deputado é representação de uma camada da sociedade, que deu a ele este poder de expressão.
Vemos o índice de violência doméstica atingindo patamares altíssimos.
Vemos pais que não respeitam seus filhos e filhos que não respeitam seus pais.
Vemos situações de desrespeito e falta de qualquer sensação de respeito no trânsito.
Vemos pessoas estacionando sobre as calçadas, estacionando em vagas destinadas a pessoas com deficiência, a idosos, como se isto fosse totalmente corriqueiro e que não houvesse também neste ato uma violência.
Vemos a intolerância religiosa, como se houvessem “escolhidos” e outros “pecadores”.
Nas empresas a competição de vencedores e derrotados perde lugar a uma cultura colaborativa e de crescimento conjunto.
O Professor Dr. Evandro Ouriques da Escola de Comunicação da UFRJ apontou, em seu twiter, algumas reflexões importantes neste sentido.
O que cada brasileiro está fazendo em seu Território Mental p ajudar a importação deste modelo serial killer de competição, bullying e armas?
Invasão imperial é desejo do Império. A nós cabe resistir no Território Mental, expulsando nossos pensamentos, afetos e percepções imperiais.
A sociedade, a cultura e a (in) comunicação estão cheias de bullying e de assédio, de violência sob todas as formas. Resultado está aí, condensado.
Paz não se pede! Se constrói! A começar no próprio Território Mental e daí, por exemplo, transbordando na atitude cidadã e nas políticas públicas!
Precisamos construir coletivamente essa cultura de paz que queremos e pretendemos para nossa sociedade. É preciso refletir que existe uma cultura de violência instalada em nossa sociedade, importada de modelos vigentes em nossos países.
Precisamos com urgência rever aquilo que há em nós que contribui para a manutenção desta cultura e partir daí para a mudança.
A hora é já. A paz tem pressa.
Com carinho,
Fábio Müller
Sugiro que tenham uma atitude pioneira de processar a industria armamentista, como tem sido feito com a industria do tabaco. Utopico? Talvez,mas por que não começar...
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