O trabalho realizado pela gestora
de projetos do Bairro Educador Vidigal, Aline Gomes, partiu da escuta dos
alunos para identificação de seus interesses por meio da formação de pequenos
grupos e rodas de conversas, que permearam todo o processo de trabalho
realizado na Escola Municipal Almirante Tamandaré com alunos de todas as turmas
do 1º ao 9º ano, no período de março a junho de 2013.
Dentre os primeiros temas levantados
pelos alunos aparece a autocrítica a respeito do comportamento agressivo de
alguns colegas, tanto na relação entre eles quanto na relação com o ambiente
escolar e educadores, justificada pelos mesmos pela falta de atividades de que
correspondam aos seus interesses.
Diante deste primeiro
diagnóstico, a gestora de projetos do Bairro Educador Vidigal passou a
identificar e buscar parceiros capazes de dar respostas as necessidades dos
estudantes. Neste sentido, dialogou com a direção escolar que sempre apoiou as
iniciativas, procurando identificar os momentos mais adequados para oferta de
oportunidades aos alunos que não prejudicassem o calendário escolar.
Em seguida, fez um trabalho de
articulação junto ao Fórum Intersetorial do Vidigal (FIV) por meio de sua
comissão de educação, a fim de agregar atores locais na busca de respostas a
estes alunos e direção escolar, o que promoveu uma maior interlocução com
atores locais com os temas debatidos no ambiente escolar, aproximando mais
escola e comunidade, permitiu a identificação do SESC Santa Luzia como um
parceiro potencial e houve um maior estreitamento na relação com a Associação
de Mulheres de Ação e Reação (AMAR), que desde a implantação do projeto na
comunidade em 2011 sempre foi uma referência local para ações em parceria com o
projeto Bairro Educador.
Dentre as principais conquistas e
resultados, podemos destacar diferentes oportunidades promovidas para
diversificação do repertório educativo, sendo elas: palestras, rodas de
conversas, passeios, apresentações artístico-culturais, integração familiar,
protagonismo juvenil, integração escola-comunidade e envolvendo alunos,
responsáveis, lideranças locais, parceiros e educadores.
Vale lembrar, que o marco de todo
este trabalho pode ser simbolicamente representando na fala de um dos alunos de
9 anos: “tia, a gente agora vai ser ouvido, né?”, que tornou-se um dos mais
participativos e dinâmicos neste processo.
Para tanto, foi preciso elaborar
um plano de trabalho alinhado com as expectativas apresentadas pelos alunos, às
orientações curriculares da Secretaria Municipal de Educação e o Projeto
Político Pedagógico (PPP) da unidade escolar para dar a base à Trilha
Educativa: “Identidade? Gênero? O que é isso?”.
Neste plano pedagógico, primou-se
por garantir encontros regulares com alunos interessados na organização dos
estudantes para um maior protagonismo destes no ambiente escolar por meio da
organização em Grêmio Estudantil, bem como, por promover um diálogo permanente
com organizações locais e gestão escolar em meio as oportunidades educativas
promovidas.
Dentre as palestras podemos
destacar desde assuntos relacionados à saúde preventiva a temas essencialmente
relacionados à identidade, tais como: bullying; gênero; preconceito racial e
social; alimentação saudável; higiene pessoal,promovidos graças à parceria com
o SESC Santa Luzia e, em especial, com a Associação de Mulheres de Ação e
Reação (Vidigal), que foram responsáveis por encaminhar seus profissionais para
o fortalecimento desta proposta pedagógica.
Uma das prerrogativas do projeto
Bairro Educador é a de promover a noção de pertencimento e direito à cidade,
por meio do reconhecimento de espaços públicos e privados capazes de oferecer
acesso à cultura e ao lazer como instrumentos de emancipação social.
Neste sentido, a ida dos
estudantes ao museu das telecomunicações no espaço OI FUTURO, situado no bairro
Flamengo, no dia 16 de maio, permitiu ampliar seus conhecimentos sobre a
evolução da comunicação no Brasil e no mundo. Sendo a sala onde era possível
acessar um programa onde os alunos escolhiam as perguntas e quais os
personagens históricos que responderiam, foi aquela que mais aguçou a
curiosidade e interesse dos estudantes, alguns relataram a sensação de estarem
dialogando com os mesmos ou de estarem se transportando no tempo.
Outra grande experiência neste
sentido foi à visita ao Jardim Botânico, no dia 06 de junho, onde os alunos
tiveram a oportunidade de ouvir a história deste local, desde o plantio da
primeira palmeira, passando pela produção de pólvora durante o Brasil Império à
criação do primeiro jardim botânico brasileiro sempre com a orientação
qualificada da guia, encaminhada pelo parceiro SESC Santa Luzia, também
responsável pelo transporte e lanche dos alunos. Ainda neste ambiente, um dos
espaços que mais atraiu a atenção dos alunos foi o Museu Sensorial, criado para
os portadores de necessidades visuais, onde as crianças tiveram a oportunidade
de vivenciar tal condição estando de olhos fechados e fazendo o reconhecimento
por meio outros sentidos, tais como: o tato e o olfato.
O ponto de culminância deste
processo foi no dia 24 de maio, quando toda a escola esteve envolvida no evento
“África de todos os dias”, quando graças à presença de vários parceiros foi
promovida uma tarde de vivências por meio de oficinas de futebol, dança afro,
capoeira, vídeos temáticos e exposição de esculturas africanasa respeito de
nossa origem africana, envolvendo 400 alunos e 50 adultos, entre professores e
parceiros.
Finalmente, vale ressaltar a fala
da diretora a respeito do quanto observa a mudança comportamental dos estudantes
da Escola Municipal Almirante Tamandaré.
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