O mapeamento do bairro e o conhecimento
de sua história são ações importantes para o desenvolvimento do trabalho do
Bairro Educador. Através disto, pode-se identificar as necessidades e
potencialidades locais. O Google Maps é uma farremanta que facilita este
processo, com ela é possível conhecer a região previamente e fazer a
identificação online de todo território.
As unidades escolares que compõem o
Bairro Educador Jacaré/Jacarezinho são os dois CIEPs da região – Chanceler
Willy Brandt e Vinicius de Moraes e em breve, outras unidades escolares do
Programa Escolas do Amanhã serão integradas ao programa. O trabalho nestas
escolas começou nos meses finais do ano de 2011 e se desenvolveu ao longo de
2012, justamente através da participação ativa de parceiros locais e situados
por outros bairros da cidade.
Há uma grande interação entre os CIEP’s
que se encontram localizados em extremidades opostas do bairro. Eles, a partir
do trabalho do Bairro Educador vêm se aproximando pedagogicamente e
consequentemente unindo polos diferenciados do mesmo território, uma vez que,
uma unidade encontra-se situada na parte mais nobre do bairro e outra na parte
mais pauperizada.
Durante o
mapeamento do território do bairro Jacaré foi possível identificar que ao contrário da maoria das comunidades situadas no Rio de Janeiro, esta
tem caráter plano e possui ruas e avenidas por toda sua extensão, além de
comunicar-se com outra favela próxima, a de Manguinhos.
Este nome (Jacaré) se deu em decorrência
do rio que nasce no maciço da Tijuca e atravessa, além do próprio bairro, o Méier, Engenho Novo e Triagem, e, foi aterrado e canalizado para a construção
da Avenida
Brasil na
década de 1940. Atualmente ele desemboca na Baía de Guanabara pelo
Canal do Cunha. O nome Jacaré, portanto, nada tem a ver com o animal, e sim,
com o diminutivo do termo "yacarè" – que significa "o que é
torto, sinuoso" – fazendo uma alusão ao formato do rio.
É
importante frisar frisar que a partir da década de 1920,
com o estabelecimento de indústrias na região da antiga Avenida Suburbana
(Avenida Dom Helder Câmara), o bairro do Jacaré, que era uma região de
fazendas, passou a ser urbanizado e ocupado. Nesse período surgiu, no bairro, a
favela do Jacarezinho.
Foto tirada no inicio da Década de 20
Na década de 1940, tal território foi
sede de grandes empresas, como a General Eletrics, mundialmente conhecida,
principalmente pela sua logo, que é a abreviação de seu nome – GE. Os próprios
moradores eram os empregados nestas fábricas e empresas, trazendo para o bairro
mais da metade de seus moradores trabalhando próximo às próprias casas e
buscando o desenvolvimento local.
Ainda na década de 1950, o número de
moradores da região aumentou consideravelmente por conta da migração de pessoas
vindas de diversos pontos do Estado do Rio de Janeiro e de outros Estados, em
decorrência do processo de industrialização que estava no auge.
Jacarezinho na década de 50
Com o passar do tempo a favela do
Jacarezinho foi se tornando a segunda maior da América Latina, mas as crises
das décadas de 1970 – crise do petróleo - e, principalmente, a de 1990 – adoção
da política neoliberal e o processo de reestruturação produtiva gerada pelas
inovações tecnológicas (troca da mão de obra humana por maquinários) –
trouxeram um cenário complexo e que acabou transformando o bairro como um todo
em um local bem distinto e afastado dos holofotes da produtividade nacional.
Em decorrência disto, a maioria das
indústrias e fábricas decretaram falência, tiveram suas unidades diminuídas, ou
ainda transferidas para outros Estados onde os incentivos fiscais fossem
maiores. Com isso, o Complexo Industrial do Jacaré foi pouco a pouco, dando
lugar a grandes galpões que passaram, com o tempo, a ser moradia para as
famílias locais que ficaram desamparadas socialmente.
Mesmo com esse contexto histórico que
acabou favorecendo o empobrecimento dos moradores locais, o mapeamento feito
pelo BE Jacaré/Jacarezinho mostrou que a região do próprio bairro e as
adjascências (Manguinhos e Benfica) ainda são ricas em espaços institucionais
culturais e educativos. Tais como: a Escola de Samba Unidos do Jacarezinho que
já integrou o grupo principal do carnaval carioca, a Fundação Oswaldo Cruz - a
mais antiga e importante construção local que ainda possui em seu espaço o
Museu da Vida, a Sede do Jornal O DIA, Parque de Manguinhos - que possui uma
biblioteca pública, teatro, Casa Mulher de Manguinhos, Centro de Referência da
Juventude e uma UPA.
Também está localizada perto da região,
a “Rua dos Lustres”. Além disso, duas Instituições Militares - Exército e
Marinha - também possuem prédios próximos ao bairro.
Fiocruz - a construção mais antiga da região
Conhecer o bairro e seu contexto
histórico possibilita uma visão mais ampla dos moradores, consequentemente, os
estudantes das escolas nas quais o Bairro Educador Jacaré/Jacarezinho atua.
Facilita também, o processo de construção das ações a serem desenvolvidas, pois
analisando anteriormente o local, é possível identificar as instituições e
moradores que podem contribuir para o enriquecimento do processo de ensino
aprendizagem.
Tal enriquecimento vem a partir da
inclusão da apropriação dos recursos potencias do bairro e o contato com
vivências relacionadas aos conteúdos possibilitadas a partir da aproximação
entre as instituições e as unidades escolares.
Por Jéssica Tamara e Priscilla Babo
Fotos: Google Maps – Mapeamento Interno do
Bairro Educador e e Blog: jacarezinhorj.blogspot.com.br/p/somente-fotos.html
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